No artigo denominado “Por uma formação inventiva antiespecista”, pelas autoras Ana Luiza Gonçalves e Rosimeri de Oliveira Diasas autoras, vários questionamentos e atravessamentos tomam forma e levantam reflexões de extrema importância se queremos de fato desconstruir a lógica opressora vigente em nossa sociedade.
O especismo, resumidamente o preconceito baseado na espécie a que determinado indivíduo pertence, assim como o racismo e o sexismo nos separam do ideal de uma sociedade onde a ética abranja todos os viventes que conosco compartilham a casa comum: o planeta Terra.
As autoras, através da pesquisa, reflexão e de seus próprios diários de sala de aula questionam as formas de transmitir e interagir com os alunos da educação básica sobre temas tão sensíveis quanto o especismo, a opressão e dominação. As professoras, nos mostram, através do seu cotidiano, que os materiais didáticos reproduzem a lógica capitalista de utilidade e dessensibilização onde os animais são mostrados como aqueles que “servem” ou nos “dão” algo com que possamos nos alimentar, vestir, entreter dentre tantas outras formas de usos e abusos aos quais são submetidos e que são apresentados como certos e naturais.
O especismo estrutural está na base da educação de viés antropocêntrico presente na esmagadora maioria das nossas escolas onde desde a mais tenra idade nossas crianças aprendem que os animais são irracionais, sem sentimentos ou afetos e que existem para ter alguma serventia aos humanos.
A empatia e a alteridade não são ensinadas em sala de aula quando o outro é um animal não humano e muitas vezes esse preconceito se estende a grupos humanos com eles identificados.
Assim que o esforço, segundo as autoras, deve ir na direção de debater e refletir sobre os modos como tratamos os animais não humanos, tratando de desnaturalizar a violência a que são submetidos para que nossas necessidades possam ser supridas. Para isso, a necessidade de trazer elementos e conversas sobre a vivência de cada aluno, respeitando suas opiniões, debatendo e trazendo propostas para um novo olhar mais sensível ao cuidado, a diversidade e ao afeto a todos os seres independentemente da espécie a qual pertençam.
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Referência:
GONÇALVES D. MELLO, Ana Luiza; DE OLIVEIRA DIAS, Rosimeri. Pr uma Formação Inventiva Antiespecista. Mnemosine Vol.16, nº1, p. 208-231(2020) –Parte Especial -Artigos.DOI: 10.12957/mnemosine.2020.52692